Cadê o meu aprendiz?

Geração Y: Cadê o meu mentor?


Não se encontra mentores no Google e nem é possível dispensá-los quando quer se desenvolver

 

28/01/2011 - Sidnei Oliveira *

 

Um dos exercícios que mais utilizo em minhas palestras e workshops, buscando despertar reflexões mais profundas, é pedir aos participantes para fecharem seus os olhos e pensarem em alguma pessoa que, de alguma forma, tenha interferido de modo significativo em seus destinos.

Procuro guiá-los no resgate de lembranças de seus mentores, aquelas pessoas que dedicaram tempo e energia para ajudá-los a se desenvolverem.

Gosto deste exercício por ser totalmente aderente ao pensamento de Charles Handy em seu livro - The Hungry Spirit – quando diz que:

“A sociedade deveria tentar oferecer a cada jovem um mentor de fora do sistema educacional, alguém que tivesse grande interesse no desenvolvimento e progresso daquela pessoa na vida.”

Quando os participantes começam a abrir seus olhos, é muito comum eu observar aquele olhar agradecido por fazê-los lembrar de alguém que realmente fez diferença na vida de outra pessoa.

Os depoimentos espontâneos que surgem em seguida referem-se a pais, professores ou antigos chefes – todos com reconhecida experiência e que encontraram motivos para passar adiante seus conhecimentos, agindo como uma referência, um modelo, um instrutor disposto a ensinar tudo que sabia dando orientações e apontando direções.

Contudo, um fato novo tem despertado minha atenção, principalmente quando realizo este exercício em platéias formadas por jovens da Geração Y...

Muitas vezes os jovens não conseguem identificar ninguém. Quando abrem seus olhos, percebo a reação de dúvida e estranheza diante do exercício. Alguns chegam a manifestar o fato de não entender o que se esperava com o exercício.

Depois que dou as explicações, ou seja, peço para identificarem seus mentores, novamente as reações são de perplexidade, diante do insucesso em encontrar alguém que pudessem atribuir a classificação de mentor.

O mais comum é pensarem em personalidades que admiram como grandes empresários ou líderes políticos. Nomes como Steve Jobs, Lula, Eike Batista e Bill Gates são presença comum nestes momentos. Na maioria das vezes que isso acontece, eu aproveito para explicar a diferença entre uma personalidade e um mentor, ressaltando como um bom mentor pode ajudar a trajetória de vida de um jovem.

Em uma destas ocasiões fui interrompido por um jovem que gritou:

CADÊ O MEU MENTOR?

Foi um ótima pergunta, pois muitos estavam com a mesma dúvida na cabeça e a questão serviu para eu fazer um alerta para a geração Y.

Não se encontra mentores no Google e nem é possível dispensá-los quando quer se desenvolver. Todo conhecimento tácito, que também é conhecido como experiência, está nas mãos dos mais veteranos. Para ter acesso a este conhecimento é indispensável conquistar um mentor. Para isso só há um caminho - SER APRENDIZ.

Entretanto nos dias atuais, onde os jovens querem ser vistos e reconhecidos como vencedores, não é muito comum identificar a postura de aprendiz, isto é, aberto para o aprendizado. E neste caso, não é do conhecimento acadêmico, mas sim do velho e bom “pulo do gato”.

Pode-se compreender esta postura da geração Y, diante da evidente superioridade dos jovens diante do ritmo frenético das mudanças, principalmente as tecnológicas, mas já está claro também que algo está faltando para alcançarem seus sonhos, principalmente os de novos desafios.

Os desafios estão com os veteranos, que ainda se esforçam para manter o ritmo das coisas, para “não deixar a peteca cair”.

Se você jovem, está se perguntando então, CADÊ O MEU MENTOR? – lembre-se que, mais próximo do que você imagina, há um veterano perguntando - CADÊ O MEU APRENDIZ?

Vá conquistá-lo!!

 

 

* Sidnei Oliveira é Consultor, Autor e Palestrante, expert em Conflitos de Gerações, Geração Y, desenvolvimento de Novos Talentos e Redes Sociais, tendo desenvolvido soluções em programas educacionais e comportamentais para mais de 30 mil profissionais em empresas como Vale do Rio Doce, Scania, Lojas Renner, Coamo, Light, entre outras.
Formado em Marketing e Administração de Empresas, autor de vários livros sobre Liderança e Administração. Permaneceu no Banco Real por 20 anos, liderando equipes e desenvolvimento de produtos de automação bancária, reengenharia de processos, endomarketing, database marketing, comércio eletrônico, home banking e internet banking.
Diretor Geral e Fundador dos sites Achei!! e Zeek! até a venda da empresa para a StarMedia Networks, o primeiro negócio envolvendo a transferência de controle de capital em empresa de internet realizado na América Latina.
Atuou como diretor de desenvolvimento de produtos e ombudsman mundial da StarMedia Networks, além de empresas como Inova Tecnologia – Darby -Overseas, Metro Marketing Direto (empresa do Banco Alfa), criação e implantação de uma empresa de meios de pagamentos eletrônicos na América Latina com atuação a partir da Argentina (E-Financial Tecnologia).
www.sidneioliveira.com.br


Extraído de Revista INCorporativa
 

 

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